Muito se fala sobre governança, normalmente identificada puramente como práticas de gestão financeira, administrativa e jurídica ligadas aos conselhos de administração das empresas. Este conceito, aplicado ao Supply Chain, ganha uma conotação que vai muito além dos números e das discussões que acontecem no âmbito de reuniões de conselho.

Em Supply Chain, o conceito mais completo de governança ganha um viés amplo, holístico, que busca identificar, corrigir ou aprimorar todos os elos que compõem a cadeia de suprimentos, criando mecanismos de gestão integrada para gerar valor. Neste sentido, ganham destaque aspectos como:

·      Processos & Operações

·      Monitoramento de performance

·      Planejamento e criação da infraestrutura adequada

·      Recursos humanos capacitados

·      Integração tecnológica

A governança da cadeia de suprimentos perpassa todo o ciclo de vida do produto, focando os aspectos críticos do negócio, desde o fornecimento de serviços e matérias-prima, passando pela entrega de um produto de qualidade para o consumidor final, até o retorno dos resíduos para o ciclo produtivo. Um desafio e tanto!

Governança End-to-End ou 360º

Ter uma visão global do negócio, com atenção às pessoas, à qualidade do produto ofertado e sustentabilidade do negócio, é o grande desafio para os gestores de Supply Chain. Essa visão holística, conhecida como governança End-to-End (de ponta a ponta, em tradução livre) ou 360º, envolve parâmetros internos e externos tanto de qualidade, meio ambiente, saúde & segurança quanto de custos e eficiência.

Gerir a qualidade dos processos, assegurar a eficiência e condições de trabalho adequadas para colaboradores terceirizados e diretos, entregar produtos seguros ao consumidor final, garantir a sustentabilidade socioambiental do negócio pensando em minimizar o desperdício e o descarte inapropriado de resíduos são pontos-chave para a governança de Supply Chain.

Governança de fornecedores

Além de temas ligados a integridade do produto, garantir que fornecedores cumpram com requisitos socioambientais é uma das peças-chave do processo de governança. Por exemplo, certificar-se que esses atores da cadeia de suprimentos não utilizam mão de obra infantil ou análoga a escrava é um dos papéis da governança nessa área. Tal iniciativa garante a responsabilidade da empresa do ponto de vista social ao coibir práticas que degradam a condição humana, além de evitar danos à imagem da marca e problemas legais.

Outro exemplo relevante é a certificação de que os insumos adquiridos foram produzidos de acordo com todas as legislações vigentes, como a ambiental, haja vista que assegurar a sustentabilidade de toda a cadeia de suprimentos é um ponto determinante para qualquer negócio.

Segurança de clientes e colaboradores

Outro aspecto crítico e intrinsecamente ligado à governança de Supply Chain é garantir a integridade física das pessoas, sejam funcionários, prestadores de serviços, clientes ou consumidores.

O gestor da área deve estar atento aos aspectos de infraestrutura necessários para a execução das tarefas como, por exemplo, se os veículos utilizados na distribuição dos produtos apresentam condições adequadas para o transporte. Tais condições dizem respeito tanto à segurança do colaborador, que efetivamente está conduzindo o veículo, quanto dos demais motoristas, pedestres e, por fim, dos clientes que receberão a carga.

Gestão de estoques

A eficiência na gestão de estoques está diretamente ligada à governança End-to-End em Supply Chain. Este ponto é de extrema importância, uma vez que uma gestão ineficiente tem o potencial de gerar enormes prejuízos com obsolescência de produtos e perda de vendas, comprometendo a capacidade de crescimento e investimento da empresa.

Neste sentido, o correto monitoramento dos níveis de estoque é essencial para a eficiência dos negócios. Entretanto, como adequar o nível de estoque a demanda se configura em um dos principais desafios da área de suprimentos, é essencial estar atento as tecnologias, tanto as já existentes como as novas, que surgem todos os dias. Ferramentas digitais que utilizam inteligência artificial, big data e análise preditiva de dados têm se tornado imprescindíveis para o gerenciamento eficiente e assertivo da demanda e dos processos de ressuprimento.

Sustentabilidade

Com consumidores cada vez mais exigentes e preocupados com os impactos gerados por seus produtos, pensar em processos que atendam as expectativas do público do ponto de vista socioambiental é essencial.

Neste contexto, a governança do Supply Chain se destaca ao entender o ciclo de vida completo do produto, seus riscos e impactos, buscando soluções que estejam alinhadas com as boas práticas socioambientais e envolvendo cada um dos elos que compõem a cadeia de suprimentos.

Como já destacamos neste artigo, a Logística Reversa é uma peça-chave para tornar as cadeias de suprimentos mais sustentáveis, dialogando diretamente com este anseio dos consumidores por produtos ambientalmente amigáveis. Seu objetivo é planejar, operar e controlar o fluxo de materiais residuais após a finalização do ciclo de vida do produto, assegurando seu retorno ao ciclo produtivo e a viabilização da tão sonhada economia circular.

Integração é essencial

Tendo em vista todos os aspectos que permeiam a governança do Supply Chain, fica claro que a sua aplicação depende da integração de diversas áreas, funções e atores que atuam ao longo dos elos que compõem a cadeia de suprimentos.

Contar com profissionais experientes, com visão holística de negócios e que possuem completo entendimento dos processos, torna o caminho para a implementação deste modelo de governança “ponta a ponta” muito mais eficiente e dinâmico, trazendo ganhos para todos: empresas, sociedade e meio ambiente.